A edição 2024 do PecNordeste, realizada no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, no período de 06 a 08 de junho foi grandiosa e abriu mais uma vez, as portas para os queijos artesanais do Nordeste. Senão, vejamos:
No dia 06 de junho de 2024 (quinta-feira), tivemos três importantes palestras sobre queijos artesanais do Nordeste.
A primeira palestra foi ministrada pela Professora e Doutora Mônica Correia Gonçalves, da Universidade Federal de Campina Grande-PB. Ela abordou o tema: “Desafios da certificação para comercialização dos queijos artesanais do Nordeste”. Teve como mediador, Germano Parente Blum, Administrador de empresas e gestor do agronegócio do Sebrae-CE.
Nesta palestra a Profa. Mônica Correia começou falando de sua trajetória queijeira que começou ainda criança fazendo queijo, como filha de Agricultor familiar. Em seguida, tratou dos Serviços de Inspeção no Brasil (nível Federal, Estadual e Municipal), com ênfase nos serviços de inspeção de queijos artesanais. Ressaltou também o SISBI -Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Apresentou inclusive publicações orientativas para constituição de um Serviço de Inspeção Municipal – SIM e a criação do SIM, por meio de Consórcio de Municípios. Citou o caso do Estado da Bahia, que implantou o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF).
Outro item abordado foi a definição de Queijos Artesanais e Legislação Federal e nos Estados do Nordeste sobre Queijos Artesanais. Ressaltou que no Nordeste, os Estados do CE, RN, PB, PE, SE e BA possuem LEIS que regulamentam a produção e comercialização de queijos artesanais, entretanto, em alguns Estados faltam a regulamentação da Lei estadual, casos do CE e BA. A profa. Mônica definiu a diferença que existe entre o Selo ARTE e Selo Queijo Artesanal. Também destacou as vantagens de obtenção do Selo ARTE para o produtor de queijo artesanal e citou dois exemplos. Falou dos passos para obtenção da Certificação da Queijaria.
Um item muito importante abordado nesta palestra foi o Consórcio de Municípios para obtenção da Certificação de Queijarias, viabilizar a comercialização de produtos entre os municípios, reduzir custos e melhorar a qualidade de serviços dos municípios participantes do consórcio. Finalizando, a profa. Mônica falou dos Desafios e Oportunidades para produtores de queijos artesanais e, dos Concursos de Queijos Artesanais locais e nacionais que são excelentes oportunidades para produtores de queijos artesanais do Nordeste.
A segunda palestra foi realizada pela Professora e Doutora em Zootecnia, Francisca Giselle da Cruz, do Instituto Federal do Ceará, IFCE, Campus Crato. Ela tratou do tema: “Queijos artesanais: Uma alternativa para o Ceará”. A mediadora da palestra foi Thainá Anunciação Ferreira Mateus, Mestre em Tecnologia de Alimentos.
Nesta palestra a Profa. Giselle iniciou mostrando os principais municípios cearenses produtores de leite de vaca no estado do Ceará, que são na ordem: Morada Nova, Iguatu, Quixeramobim, Jaguaretama, Jaguaribe, Milhã, Limoeiro do Norte, Acopiara, Mombaça e Quixelô. Apresentou também um mapa com os principais pólos de produção de Leite no Ceará. Em seguida, fez um breve histórico da origem do Queijo Artesanal (QA) no Brasil, vindo de Portugal. Destacou a importância da “Colonização da Região do Vale do Jaguaribe, ao longo do Rio Jaguaribe, foi baseada na criação do gado vacum”….. Hoje, o município de Jaguaribe é um município mais importante na produção de leite e queijo na região do Vale do Jaguaribe, desde meados do século XX, afirmou. Falou da Lei 17.987/2022 que dispõe sobre a regulamentação da produção e comercialização de queijos e manteigas artesanais no Estado do Ceará, grande avança para queijos artesanais, mas infelizmente, ainda não foi regulamentada. Destacou o processo de implantação do Selo de Identificação Geográfica (IG) do queijo Coalho artesanal do Vale do Jaguaribe-CE.
O queijo artesanal é o produto obtido em escala não industrial, de maneira única e tradicional, com pouca mecanização (KUPIEC; REVELL, 1998).
Na palestra a profa. Giselle apresentou várias fotos de queijos artesanais tradicionais e queijos autorais, que atualmente estão em expansão no Brasil. Em seguida, falou do queijo Coalho Artesanal (QCA) e mostrou a composição média do leite e como ela pode interferir na sua fabricação. Falou da diferença entre queijo fresco, aquele que está pronto para consumo logo após fabricação e o queijo maturado, aquele que sofreu modificações bioquímicas e físicas necessárias e características da variedade do queijo (Portaria 146/1996 – MAPA). Finalizando sua palestra, a profa. Giselle perguntando: Quem é quem dos queijos artesanais cearenses? E os Desafios que temos pela frente para a valorização e desenvolvimento dos queijos artesanais no Ceará.
A terceira palestra com tema “Certificação dos laticínios e sua importância para o desenvolvimento na economia do Ceará” foi proferida pela Herculana Costa Castro ( Tecnóloga em Alimentos e CEO da empresa AlimenTech Soluções e consultora credenciada ao SEBRAE, SENAI e SENAR) e por Éderson Cleyton da Costa Castro, Advogado e especialista em gestão pública e ambiental, e Diretor da AlimenTech. A palestra foi mediada pela Maria Elzileide Sousa, Analista de negócios do Sebrae-CE e gestora de projetos na cadeia do leite e derivados desde 2007.
Nesta palestra Herculana Castro falou da importância da certificação para os laticínios e o que isso representa para o desenvolvimento da economia do Estado do Ceará. Falou do Selos SIM, SIE e SIF e deu destaque a Queijaria Dona Vita, que foi a primeira a receber Selo Arte no Ceará.
Já a palestra de Éderson Castro deu destaque a regularização dos laticínios no que concerne a questão ambiental.
Ao término da palestra foram entregues quatro certificações de Selo SIE e uma de Selo SIM aos proprietários de Laticínios/Queijarias, que tiveram consultoria técnica da empresa AlimenTech Soluções.
Fonte e Fotos: Palestrantes