Conheça o pioneiro na produção de queijos finos artesanais no Ceará

O seu nome é Flamarion Alexandrino Feitosa Costa, mais conhecido como “Costinha“. Ele tem uma longa tradição queijeira na família, estudou no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (MG) e conheceu o circuito queijeiro na Europa, onde morou durante três anos. Esse é o perfil do nosso entrevistado, que nos recebeu no último dia 18/12, na sua residência em Fortaleza.

Noite de Queijos e Vinhos da Associação de Produtores de Gado Jersey do Ceará. Costinha está no centro, de camisa xadrez cores: verde e branca. Foto crédito: Dálvaro.

Breve Histórico: Flamarion Costa é filho do Desembargador Nestor Soares Costa (falecido em 2000) e da Sra. Maria Alexandrino Feitosa Costa (90 anos). Costinha quando jovem passava suas férias escolares na Fazenda Retiro do seu avô em Tauá-CE, o Sr. Luiz Alexandrino (mais conhecido por Luizinho), que possuía várias fazendas de gado de corte e leite, desde os anos 1920. Naquela época, o município de Tauá era dividido em duas grandes áreas: Carrapateiras, destinada para gado de leite e corte, e Barra do Puiú, área para produção agrícola. A Fazenda Retiro ficava a cerca de 12 km da sede do município.

Fazenda Retiro do Sr. Luiz Alexandrino em Tauá-CE, 1920. Foto crédito: Família Alexandrino Feitosa Costa
Sr. Luiz Alexandrino – Foto Família

Avô Materno: Sr. Luiz Alexandrino se questionava naquela época, “por que motivo só se produzia dois tipos de queijos (Coalho e Manteiga) no Ceará? Portanto, foi numa viagem que realizou para São Paulo e retornando por Minas Gerais, que conheceu e contratou a “peso de ouro” um técnico queijeiro para aprimorar o seu queijo em Tauá-CE. Na época a Fazenda Retiro (Tauá-CE) era tão avançada que já possuía uma Farmácia veterinária. Sr. Luiz Alexandrino foi homem de posses de grande extensão de terras e de criação de gado vacum em Tauá. Ele tinha uma visão de futuro com relação a produção de queijos.

Farmácia da Fazenda Retiro em Tauá-CE. Foto Família.

Avô Paterno: A família do seu avô paterno tinha uma vacaria em Fortaleza, que ficava na Rua Nogueira Aciolli, na Aldeota. As vacas vinham de Aracati e seu avô vendia “leite mugido” em Fortaleza. Foi nestes ambientes lácteo e queijeiro que Costinha viveu sua adolescência.

ILCT: Aos 19 anos de idade Costinha foi conhecer as queijarias do Sul e Sudeste do Brasil. Então, resolveu ir a Minas Gerais, mais precisamente à cidade de Juiz de Fora, onde conheceu o Cândido Tostes. Gostou tanto que resolveu fazer o Curso de Técnico de Laticínios no Instituto de Laticínios no Cândido Tostes (ILCT), no período de 1972-1976. Passou mais dois anos estagiando em Laticínios na cidade.

Retornou ao Ceará em 1979 com o sonho de desenvolver e melhorar a qualidade do nosso queijo Coalho artesanal, mas não obteve êxito. Ele chegou mesmo a parar sua atividade queijeira. Segundo Costinha “o maior problema na produção de queijo Coalho artesanal naquela época eram a falta de higiene e falta de organização (bagunça) na ordenha e na produção do queijo“. Mas, reconhece que melhorou muito nos últimos anos.

Em 1984, Costinha se formou em Engenharia Mecânica pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Em 1986 foi realizar um estágio na Mercerdes BENZ, na Alemanha. Durante os três anos que morou na Europa, aproveitou para “conhecer o circuito dos queijos europeus“. Assim, conheceu o berço do queijo Parmesão, na Itália, passou seis meses trabalhando com especialistas em queijo Gouda, na cidade de Gouda, na Holanda. Na França, conheceu a eficiência, o prazer de trabalhar e o respeito ao consumidor do produtor francês e sempre mantendo a tradição queijeira local. Em Portugal conheceu a produção do renomado queijo artesanal Serra da Estrela.

Queijo Parmesão produzido no Ceará – Foto crédito: Dálvaro

Queijos Finos: Foi em 1990 que Costinha começou a produzir queijos finos no Ceará. Os queijos finos começaram a ser vendidos em Fortaleza, no ano de 1974, no Shopping Centro Um. Então, como tinha conhecimento da tecnologia de produção e do mercado, resolveu produzir queijos finos artesanais. Atualmente, produz queijos Gouda, Parmesão, Gruyère e Emmenthal em pequena escala. Costinha é criador de gado Jersey e produz o próprio leite que emprega na produção de queijos finos artesanais, em sua Chácara em Horizonte, no Ceará. Seus produtos são vendidos aos amigos da Associação de Gado Jersey do Ceará.

Queijos Parmesão e Gouda. Esquerda: Queijo Emmenthal feito no Ceará
Fotos crédito: Dálvaro

Seu grande desejo é expandir a produção de queijos finos no Ceará e repassar todo seu conhecimento para futuras gerações de queijeiros.

Agradecemos a gentileza do Costinha (e sua mãe) em partilharem sua experiência queijeira.

Foto do queijo Gruyère produzido de leite Cru, pelo “Costinha” no Ceará:

Queijo Gruyère, com 60 dias de maturação e presença de cristais no queijo.
Foto crédito: Fernando Mourão.

Contatos com Costinha: (85) 9990-4601 -Celular/whatsapp.

11 comentários em “Conheça o pioneiro na produção de queijos finos artesanais no Ceará”

  1. Parabéns Dr. Costinha,
    Maior conhecedor de queijos das Américas.
    Sou consumidor assíduo dos produtos lacteos do R T C
    Abraço
    Antonio Magalhães

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    • Oi Luciene Alexandrino, boa tarde!

      Realmente, o Flamarion Alexandrino (mais conhecido como “Costinha”) é um grande mestre queijeiro.
      Ele tem conhecimento sobre a produção de queijos finos e o pioneiro na produção de queijos finos artesanais no Ceará.
      Abraços,
      Prof. Fernando Mourão

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    • Sr. Leandro Cardoso, bom dia!
      Somente hoje que vi sua mensagem. Me desculpe!
      Acredito que você esqueceu de colocar seu celular/whatsapp no seu comentário.
      Caso tenha ainda interesse e só nos contatar.
      Abraços e boa sorte!
      Prof. Fernando Mourão
      Fortaleza-CE. Brasil.

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